Sobre ter filhos

“Nossa oração, desde o dia que ficamos sabendo da gravidez da Priscila, é de que essa criança se tornasse um pregador para o povo albanês e através da vida dele, muitos viessem a conhecer ao Senhor Jesus!” (1). Esta foi a coisa mais edificante que eu li sobre paternidade/maternidade nos últimos tempos. Marcos e Priscila Napoli, o casal que escreveu isso, tem três filhas. Na frase acima eles se referiam ao quarto filho, que, no momento em que escrevo, está para nascer. Isso me faz refletir sobre ter filhos.

Ter filhos é uma provação. Não estou dizendo que é ruim. Estou dizendo que prova a nossa fé: desafia-nos a confiar em Deus e a colocar Sua vontade antes da nossa. E Deus nos diz, através de Tiago, que provação deve ser motivo de toda alegria (Tg 1.2). Não é correto pensar que provações são apenas as adversidades que nos sobrevêm de surpresa. Existem provações que nós voluntariamente devemos abraçar porque Deus requer isso de nós. Ter filhos é uma delas.

Ter filhos é uma bênção. Isso não depende de você e nem do seu filho. Depende unicamente de Deus. Ou seja, filhos não são bênção porque são fofinhos e amáveis. Eles são bênção porque Deus diz que é. Nós exaltamos o poder da palavra de Deus, que disse “haja luz!” (Gn 1.3) e fez acontecer, mas desconfiamos do poder dessa mesma palavra quando diz que “herança do Senhor são os filhos (...), feliz o homem que enche deles a sua aljava” (Sl 127.3, 5). Porém, quando Deus diz que é, simplesmente é!

Ter filhos é contrariar o pensamento contemporâneo. O espírito do presente século é antropocêntrico, egocêntrico e hedonista. Nós fomos sutilmente contaminados a conta gotas, durante nossa vida inteira, com o pensamento evangelicalista-contemporâneo de que filhos são bênção na medida em que suprem nossa necessidade de sermos pais e mães. Por isso, julgamos que filhos são bênção “no momento” que supra minha vontade de ser pai, e “na quantidade” que supra minha carência de ser mãe. Talvez você nunca tenha dito isso em voz alta. Talvez você nunca tenha pensado isso conscientemente. Porém, essa mensagem foi implantada no seu subconsciente a vida toda, e está lá, em algum canto, só podendo ser retirada quando a Palavra de Deus a retirar.

O pensamento contemporâneo sobre paternidade/maternidade me angustia, não só por causa da forma como os cristãos atuais encaram a questão, mas também, e principalmente, pela forma pouco incentivadora como o assunto é abordado nas conversas. Gostaria, então, de deixar aqui alguns contrapontos ao pensamento contemporâneo dominante:

- Primeiramente, tenha filhos. Queira intensa e honestamente tê-los. E tenha!

- Incentive todos os casais legitimamente casados a terem filhos.

- Nas rodas de conversa, não murmure pelas dificuldades de ser pai ou mãe, mas enfatize a glória de ser instrumento de Deus para a ampliação do Reino através do nascimento de cada novo “cristãozinho”.

- Coloque diante de Deus as questões de “quando” e “quantos” filhos ter. Submeta essa decisão à vontade de Deus, que está revelada nas Escrituras. Não use a paternidade/maternidade para satisfazer suas próprias necessidades ou expectativas egoístas.

- Por fim, busque, a qualquer custo, a glória de Deus através de sua família.

 

(1) A frase do casal Napoli foi extraída de https://apmt.org.br/rev-marcos-napoli-e-priscila-4/, acessado em 21/05/2021.

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Autor: Rogério Camargo Nery

Originalmente escrito em 21/05/2021. Texto revisado pelo autor.


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